Chico Porrão


Chico Porrão
FRANCISCO JOSÉ RIBEIRO


Nasceu em 23 de Novembro de 1900, em uma chácara que existia na Rua Visconde de Niterói, no prolongamento da Quinta da Boa Vista e faleceu no dia 09 de Junho de 1975.

Teve um filho antes do casamento de nome Argemiro, casou-se com Guiomar Pimenta Ribeiro, irmã de Waldomiro Thomé Pimenta (diretor de Bateria). Deste casamento teve uma filha cujo nome é Rení, fora deste casamento teve duas filhas: Léa de Araújo, atualmente Baluarte da Escola, ocupando a cadeira n° 13 e, Wivaldina da Conceição, já falecida. Trabalhou na estiva até se aposentar.

O APELIDO “CHICO PORRÃO”:

Segundo o relato de Elmo José dos Santos, Francisco José Ribeiro quando jogava futebol, na bola dividida ia com tudo, se a bola passasse, o adversário não passava, ele ia pra cima, derrubando-o e dando a maior “porrada” na bola, ou no cara, ele não dava mole pra o azar. Para quem estava assistindo, era um tremendo “porradaço”. Por isso, quando se referiam a ele, o chamavam de “Chico Porrão”, dando origem ao apelido que o acompanhou até o final da vida.

Após a sua aposentadoria, passou a escrever o “jogo do bicho” e devido a sua condição financeira e conhecimento, tornou-se um pequeno banqueiro nesta modalidade de jogo.

Morava numa casa no morro, na localidade chamada “Olaria”, cujo acesso, era feito por uma subida que existia na Rua Visconde de Niterói, entre a padaria que pertencia à família Matos e uma Carvoaria.

Gostava de ficar no quintal da casa sentado atrás de uma cerca, quando eu passava pelo local, sempre parava para conversarmos. A conversa se prolongava mais, quando eu estava acompanhado do Beleleu.

Neste período eu ainda não participava ativamente da Escola de Samba. Tudo isto que estou narrando, aconteceu antes de 1958.

O Chico usava um cordão de ouro e diversos anéis.

AMOR E DEDICAÇÃO AO GRÊMIO
Chico Porrão
Possuía a carteira de sócio n° 01 e era considerado um Patrono por seu amor ao Grêmio, demonstrados em suas doações, um exemplo: pelas dificuldades enfrentadas pela Escola no início, chegou ao ponto de doar a pia de sua casa para ser colocada na Sede da Escola.

A construção da Sede na Travessa Saião Lobato, foi feita com doações de material e mão de obra oferecida por seus componentes, entre eles, Chico Porrão.

Durante muitos anos, doou cetim para a confecção das fantasias dos componentes da Bateria da Escola.

Consta, também, das minhas lembranças, a Sede sem portas e sem janelas, a ponte que atravessava o valão e dava acesso para a Sede da Escola, e a subida para as localidades denominadas, “Pindura-Saia” e “Inferninho”.

Lembro-me que para o carnaval de 1958, enredo “Canção do Exílio”, houve uma demora na compra do tecido, acompanhei bem de perto porque a distribuição foi feita pelo “Beleléu” e os componentes da Bateria ficaram concentrados no Armazém desativado que pertenceu a meu pai.

Foi Tesoureiro do Grêmio e ensaiador da Escola em substituição ao senhor Júlio Dias Moreira. Criou a Roda das Bahianas (o modo de desfilar das Bahianas girando em rodopio), comandava o ensaio com uma varinha de marmelo, com a qual, batia nas pernas das pastoras para que entrassem no ritmo determinado por ele.
Dir/Esq: Chico Porrão, Maria Helena Coutinho e Gasolina (Manoel Oliveira).

Maria Helena Alves Coutinho, pastora antiga da Escola, desfilou pela primeira vez aos seis anos fantasiada de baianinha, aos doze, desfilou como Baiana e em 1963 fundou a Ala “Ninguém É de Ninguém”, entregando-a em 1993, quando começou desfilar pela Galeria da Velha Guarda.

Atualmente Maria Helena Coutinho, filha de “Leleza” (Joaquim Barbosa) com Leonor Efigênia, é Baluarte do nosso Grêmio, eleita em 05 de Setembro de 2009, ocupando a Cadeira 19.

Numa entrevista concedida a mim, ela contou que ensaiou sob o comando do Chico Porrão e ele era muito rigoroso durante os ensaios.
Chico Porrão Ensaiando com Pastoras
Chico Porrão ensaiando as pastoras

Durante os mesmos, ele segurando sempre uma varinha de marmelo, quando sentia que a pastora fugia do que ele determinava, dava um pequeno toque com a varinha nas pernas da pastora, colocando-a no ritmo desejado.

A Maria Helena sabendo desse rigor, ensaiava com firmeza e disposição e nunca foi chamada a atenção pelo Chico.

Ela relata que ele sempre se apresentava trajando uma calça de linho branca e camisa de seda e que durante os ensaios ele dava um descanso de vinte minutos e levava as pastora para o bar do local de ensaios e pagava uma rodada de refrigerante para todas.

Na festa de Nossa Senhora da Penha em Outubro, alugava uma barraca para abrigar as pastoras que o acompanhava, sempre com muita ordem e respeito.

O Chico como Diretor de Harmonia, comandou a escolha do substituto do Mestre-Sala Jorge Marques (Jorge Rasgado), que havia falecido em 25 de Dezembro de 1953, segundo relato do Delegado, o Chico dirigiu-se a ele dizendo o seguinte: “- Haverá uma disputa para a vaga de Mestre-Sala e concorrerão você e Arilton Ferreira, vencerá quem se apresentar melhor!”.

CARNAVAL DE RUA E SUAS FANTASIAS

- No período de carnaval, aflorava o seu espírito carnavalesco fazendo sempre uma fantasia diferente, com a qual, saia a rua, isoladamente.

Fazia fantasia de “Bebê Chorão”, “Odalisca”, “Damas”, entre outras...
Chico
Fantasia: Bebê Chorão

Chico Porrão
Fantasia: Odalisca

Chico Porrão
Fantasia: Rei Momo

O Chico Tirava proveito do seu porte gordo para divertir a todos, incorporando seus personagens com suas fantasias e seu humor.

PALANQUE PARA ASSISTIR OS ENSAIOS

A casa onde morava dava fundos para a Quadra de Ensaios da Mangueira e no quintal dos fundos, ele construiu um palanque, onde de lá, podia-se assistir os ensaios, digamos, com certo conforto. E assim foi até a construção do Palácio do Samba.

CAMAROTE

Na gestão do Elmo José dos Santos, no batismo dos camarotes, o Chico foi homenageado com o seu nome no camarote nº 09: "CAMAROTE CHICO PORRÃO".

FAMA DE VALENTE

Para se destacar a fama de “valente” que o acompanhava, tenho a lembrar de um episódio que é destacado em livros e revistas da época do acontecimento.

No carnaval de 1941, o Paulo da Portela (Paulo Benjamin de Oliveira), sentindo-se totalmente desprestigiado por Manuel Bambambam (Manuel Gonçalves), por ter sido impedido de desfilar pela Portela, foi dormir na casa de Cartola, em Mangueira. Pela manhã, ao vê-lo cabisbaixo e muito constrangido, Cartola e Carlos Cachaça querendo dar-lhe força e consolá-lo, acabaram o convencendo a voltar à Osvaldo Cruz e tentar uma conciliação com Manuel Bambambam.

Prontificaram-se a acompanha-lo, mas, por medida de precaução e temer uma reação de “Bambambam” (considerado valentão), convidaram o Chico Porrão (considerado também, valentão) para acompanha-los, prevendo-se um confronto. Felizmente isto não aconteceu, o “Alvaiade” interviu e não houve o que se temia.

O motivo deste fato narrado acima é mostrar um exemplo de respeito que todos tinham por Chico Porrão. Com o seu caráter conciliador, solidário e um mangueirense de coração.

Nota:
Alguns que acompanhavam os blocos tinham a fama de “Valente” por serem os defensores do Estandarte que ia a frente do desfile e era o motivo do ataque dos blocos rivais, já que a intenção era tirar o Estandarte do outro, o que representava um troféu de força e poder.

Nestas investidas, quase sempre acabavam em confusão e os defensores tinha que ser destemidos.




FOTOS CEDIDAS POR:
Léa de Araújo e Maria Helena Coutinho



CHICO PORRÃO - FRANCISCO JOSÉ RIBEIRO

Cesar Romero e Raymundo Baluarte da Mangueira Mauro Alburquerque Baluarte Gerson Sammartino
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© Autor: Raymundo de Castro - 2017. Todos os direitos reservados.
Personalizado por: José Milton A. de Castro |
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